Como nasceu o Próprio para Consumo

Olá! Aqui é o Rui.

Mesmo que já sigas o nosso trabalho há algum tempo, talvez não saibas isto: já fui jornalista. E até comecei na rádio, há 15 anos, no já defunto Rádio Clube Português, onde passei alguns meses logo após terminar a licenciatura em jornalismo. O fascínio pela intimidade do som na ausência da imagem surgira durante a faculdade, mas manteve-se dormente desde essa primeira experiência profissional.

Mais tarde apaixonei-me enquanto ouvinte pelo formato de podcast. Passou a fazer-me companhia na rua, quando ia correr ou andava nos transportes públicos, mas também em casa, a tornar as tarefas domésticas mais prazerosas. E com o trabalho de literacia alimentar que começámos a desenvolver nos Kitchen Dates comecei a pensar na ideia de criar um podcast. Para dizer a verdade, foi quando a pandemia rebentou que dediquei mais tempo a reflectir sobre o assunto. E até comprei um par de microfones, que foram ficando – sem uso – guardados nas respectivas caixas.

No início de 2022, já bem depois do fecho do restaurante e da travessia dos meses iniciais da parentalidade, voltei a equacionar o tema. Falei disso várias vezes à Maria, que na altura nem sequer gostava de ouvir podcasts (“Distraio-me num instante, não consigo acompanhar”, dizia-me ela). Hoje, também ela passa horas a fio de auscultadores nos ouvidos. Mas foi a Vera Moutinho quem pôs a bola a rolar, quando um dia nos desafiou a pensar num formato podcast para propor ao Azul, a secção dedicada ao ambiente e à crise climática que o PÚBLICO estava prestes a lançar.

Já conhecia a Vera dos tempos de faculdade. Fomos colegas de curso, embora de anos diferentes, e acompanhei ao longo dos anos o excelente trabalho que tem feito sobretudo no jornalismo multimédia, e nos últimos anos com maior atenção aos temas da alimentação, da sustentabilidade e da crise climática. Encontrámo-nos para uma conversa mais séria sobre o assunto, e a partir daí não parámos.

Nesse dia ficou logo claro que tinha de ser um trabalho cativante e original, mas também rigoroso e ancorado na ciência. E que tinha de ir muito para lá daquilo que predomina na realidade portuguesa dos podcasts, qualquer que seja o tema: formatos de conversa longa, pouco ou nada editada, demasiadas vezes monótona. Queríamos trazer uma abordagem diferente, um estilo narrativo, com várias personagens por episódio e um trabalho de sonoplastia mais cuidado.

É uma tarefa exigente. Foram 14 meses desde que começámos a trocar ideias (umas mais loucas, outras mais sensatas) até chegarmos aos quatro episódios desta primeira temporada do Próprio para Consumo. Por trás daquilo que vais ouvir estão dezenas de horas de concepção dos episódios, escrita dos guiões, entrevistas, gravação e edição. Tudo para que cada segundo do podcast mereça a tua atenção.

Este puzzle tem muitas peças. E queremos destacar duas, por razões diferentes:

• O PÚBLICO, e mais em concreto o Azul, abriu-nos a porta para integrarmos a sua rede de podcasts, e assim fazê-lo chegar a uma audiência mais alargada, o que também amplifica o impacto do nosso trabalho.

• A ANP|WWF tem apoiado o podcast desde o início, no âmbito do Eat4Change, uma iniciativa internacional para promover a transição para dietas sustentáveis. E aceitou fazê-lo quando tudo isto era só uma ideia a germinar nas nossas cabeças. Sem este apoio teria sido impossível chegarmos até aqui.

A última peça és tu. Ao ouvir os episódios, e ao usar a informação de cada um deles para agir, estás a contribuir para completar este puzzle, rumo a um sistema alimentar mais sustentável.