Em Mértola forçou-se o cultivo de trigo durante décadas, embora os solos não tivessem aptidão para isso. Os resultados foram catastróficos. É mais um exemplo do rasto deixado pela Campanha do Trigo, uma iniciativa promovida pela Ditadura Militar e pelo Estado Novo para tornar Portugal auto-suficiente em trigo.
Agora, a Associação Terra Sintrópica está a transformar estas terras marcadas pela desertificação e pelo despovoamento num laboratório para o futuro. Está a criar um sistema agrícola mais resiliente, menos vulnerável à seca e às temperaturas altas. E nenhum outro sítio demonstra melhor esse esforço do que a Horta da Malhadinha, casa do Centro de Agroecologia de Mértola.
Fomos recebidos pela Marta Cortegano (fundadora da Terra Sintrópica), Pedro Nogueira (coordenador do Centro de Agroecologia de Mértola) e António Coelho (agricultor responsável pela Horta da Malhadinha). Saímos de lá com a certeza de que é possível produzir alimentos com mais calor e menos água, mesmo numa das regiões mais áridas do país.
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