Local. Sazonal. Sustentável.
São palavras que saem com uma frequência cada vez maior das bocas do mundo. Deixaram de ser preocupação exclusiva de um nicho para encontrar espaço e relevância a uma escala global. É fundamental que assim aconteça, para que a verdadeira mudança comece a acontecer ao ritmo necessário para reverter a catástrofe climática que o Homem desencadeou.
O movimento cresce como uma bola de neve, mas com isso abre também a porta ao oportunismo e ao aproveitamento. Quando o tema é a restauração, não falta hoje quem siga à boleia dos que verdadeiramente lutam por um mundo mais sustentável sem sequer abraçar esse compromisso. Usam os termos ‘local’, ‘sustentável’, ‘sazonal’ de forma gratuita, como arma de marketing. Com isso esperam atrair consumidores desejosos de fazer escolhas mais conscientes. Muitas vezes, estes consumidores não têm a (in)formação necessária para distinguir o trigo do joio.
Para esta prática há um nome: greenwashing.
Os ingredientes de todo o mundo e fora de época
E assim um cliente menos atento é levado a pedir um prato com um cereal que chegou da Europa de Leste, uma leguminosa da China e um fruto seco da Indonésia. Este prato é temperado com especiarias do Médio Oriente e acompanhado por uma salada de tomate cultivado fora de época numa estufa algures na Península Ibérica. O cliente acredita que está a tomar uma decisão para o seu bem e o do planeta. Mas está mesmo?
Ou então, em Janeiro, opta por umas panquecas com frutos vermelhos, caju e agave, todos eles desenquadrados no calendário ou na geografia que lhes é natural. Falando em pegada de carbono, talvez mais valha pedir umas panquecas de farinha de trigo, açúcar branco (feito a partir de beterraba) e óleo de girassol, acompanhadas com um puré de maçã, amêndoa e mais açúcar branco em cima – todos eles ingredientes provavelmente locais.
Da mesma forma, como é possível dizer que não se gera lixo quando a ementa está repleta de pratos de tapioca e açaí, ambos forçosamente embalados e importados do outro lado do Atlântico? Mais uma vez, greenwashing.
Um restaurante que se promova como ‘local’ e ‘sustentável’ tem a obrigação moral de traduzir essas ideias nos pratos que oferece. Não é só pegar num caril, pôr-lhe umas folhas de espinafres produzidas a 25 ou 50 km e dizer que a sua cozinha tem como base produtos locais.
Transparência
É preciso pôr o esforço onde pomos as palavras. Por aqui estamos comprometidos com estes princípios a 200% e não abdicamos deles por nada. Passámos (e passamos) meses e meses a trabalhar para honrar verdadeiramente esse compromisso. Com isso esperamos conseguir mostrar um caminho real (e honesto) para um mundo mais sustentável. Tentamos transmitir a nossa mensagem da forma mais positiva e transparente, sem jogadas de marketing, para que cada um tome as suas decisões de forma consciente e saiba distinguir afinal quem é o trigo e quem é o joio. Sem greenwashing.